Homem e bolo (Alberto Santamaría)
Em que bolo sonhado se tornou a massa folhada invisível
para ver, sem ser visto, de dentro, o mundo?
que imaginação nasceu das natas?, que bolo
de Giges me fez acariciar o dorso
do cão, o débil choro do pássaro,
dizer, enfim, “além” ou “aquém”,
segundo mo ordene a língua? Que diabo
fazia um homem dentro do bolo
senão ser ele mesmo esse bolo? Lá dentro,
sem espaço e sem tempo,
que fazia
Senão esperar o grito, a surpresa?:
– “tomai, este é o meu corpo”.
Que fazia, senão começar sempre de novo?
Trad.: Pedro Serra.
Comentários Desativados em Homem e bolo (Alberto Santamaría)